19 de julho de 2010

Entrevista no O Globo Esportes

Maio de 2010:  http://oglobo.globo.com/blogs/radicais/posts/2010/05/06/francirley-ferreira-a-paixao-salvadora-pelo-bodyboard-289424.asp

Francirley Ferreira e a paixão salvadora pelo bodyboard


O esporte é pródigo em histórias de superação e, porque não, em histórias de salvação. Francirley Ferreira é mais um desses exemplos. Nascido e criado no morro do Pavão-Pavãozinho, o jovem de 23 anos perdeu amigos para o tráfico e não hesita em afirmar que se não tivesse se apaixonado pelo bodyboard também poderia ter seguido pelo caminho errado. O mar de Copacabana o cativou e o esporte o salvou. Moldado nas tubulares ondas do Posto 5, Francirley é um dos destaques do Brasil no Búzios Bodyboarding Pro, etapa do Circuito Mundial que está sendo disputada até domingo na praia de Geribá.

- Tudo começou como uma brincadeira que com o tempo foi ficando mais séria. Troquei uma bola de futebol pela minha primeira prancha e desde então eu não quis mais saber de outra coisa que não fosse surfar - recorda Francirley.

A dedicação total ao esporte logo deu frutos - Francirley foi tricampeão estadual amador -, além de manter o garoto na linha.
- Morando no morro você tem contato com coisas boas e ruins toda hora. Muitos amigos que surfavam comigo e tinham futuro no esporte morreram porque fizeram outra opção. Se eu não tivesse me apaixonado pelo esporte com certeza as chances de ter algum envolvimento com o tráfico seriam enormes. Se você não tem uma cabeça boa você acaba sendo convencido pelo outro lado. Me apeguei ao bodyboard de tal forma que nada mais passava pela minha cabeça.

Um ícone do bodyboard brasileiro também foi peça-chave na carreira de Francirley. O hexacampeão mundial Guilherme Tâmega vislumbrou o potencial do garoto e passou a apoiá-lo desde cedo. Até o dia em que mestre e pupilo se enfrentaram em uma etapa do Mundial em Rio das Ostras, em 2007...
- Nos enfrentamos nas quartas de final daquele campeonato. Venci e não fiquei feliz. Foi um sentimento que não sei explicar. Ele ficou um tempo meio chateado comigo, mas é coisa de bateria. Depois me profissionalizei e ele disse que enquanto estiver competindo não vai patrocinar alguém que pode derrotá-lo. Além disso, a marca dele não está mais presente no Brasil, então estava difícil conseguir as pranchas.

Quem acha, porém, que ficou algum ressentimento entre os dois está muito enganado.

- Devo tudo ao Tâmega. Ele me patrocinou por dez anos. Nossa relação é de amizade e quando estou em uma bateria ele grita, me dá apoio e dicas. Mas não gosto de competir contra ele. Espero que a gente não se cruze mais por aí.

Sem patrocínio*, Francirley se apoia na bolsa-atleta estadual que recebe para participar de algumas etapas do Circuito Mundial e, com o dinheiro da premiação de algumas, poder seguir investindo na sua carreira.

- Ano passado participei de apenas seis das 12 etapas do circuito. Preciso de dinheiro para poder competir nas etapas da Austrália, Europa e Havaí.
 Meu sonho é ficar entre os top-16.



* Não foi editado que eu estou com patrocínio da marca de pranchas Extreme; a qual é o meu atual patrocínio além do apoio Bolsa Atleta.

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